sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Se" [...]

Chegou a hora de escrever sua primeira crônica. Enfim me mandou, como segunda opção de opinão (aquela que vale só pra ler sacam?!)...
Álias eu ia escrever por esses dias sobre pessoas seguidoras, ou secundárias, ou seja lá qual "se" é, mas não quero apagar o brilho desse (nem tanto) jovem jornalista, ao qual chamo, e é meu excelentissimo marido.

Um milhão de amigos

Você já atualizou o seu blog hoje? Ou estava ocupado colocando fotos no Orkut? Provavelmente você tem Twitter, Facebook, My Space, conta no You Tube e se bobear, até um domínio “ponto com ponto be erre”. Eu devo confessar que tenho acesso a algumas destas “maravilhas” da comunicação pós-moderna.

Seja a trabalho ou por diversão (diversão?) está cada vez mais raro algum habitante deste planeta conviver sem o uso destas ferramentas. E o tempo parece ficar cada vez mais escasso para viver fora do mundo virtual. Não temos mais tempo para coisas insignificantes como tomar um sorvete na praça, passear com o cachorro, jogar botão com o sobrinho, conversar com um velhinho, ou até mesmo para brigar com a esposa. Não temos mais tempo nem para o ócio quando o negócio é teclar.

Não admitimos ficar de pernas pro ar se não conseguimos ver nossos e-mails. Não admitimos trocar o prazer cibernético pelo deleite de conversar com o amigo no boteco da esquina. Preferimos ter mais amigos no Orkut do que na vida real. Eu tenho quase mil amigos no Orkut e posso contar nos dedos os que conhecem o meu filho. Que atire a primeira pedra quem nunca adicionou alguém– como diria o jornalista, apresentador e galã Pedro Bial-, depois de uma espiadinha no Orkut alheio. Duvido. Longas conversas pelo MSN se transformam em “oi, tchau” quando encontramos esse nosso amigo íntimo na rua. O olho no olho fica cada vez mais estranho quando o normal é se esconder atrás de um monitor e de um teclado de computador.

Mas a tendência é ficar cada vez pior. Como dizia um sargentão com seu português precário no tempo em que servi a pátria amada, “nada está tão ruim que não possa ser piorado”. E para piorar veio o Skype - primo pobre do MSN. Chega até a dar saudades, por um breve momento, de quando ainda criança, a grande diversão mais arrojada tecnologicamente falando, eram as conversas no famigerado 138.

Esta ode à nostalgia do tempo em que brincar de carrinho, bolita e botão bastava para fazer uma criança feliz pode não levar a nada. Digo isso com a maior cara de pau de quem, de fato, entrou de cabeça neste mundo ilusório. A simples constatação desta perversa realidade não me redime de fazer parte desta grande farsa. Talvez sirva como uma terapia para que, ao menos, tenha consciência de que uma amizade é muito mais do que mandar um parabéns por scrap e de que o amor não se explica num depoimento. Aliás, se quiserem me adicionar sintam-se a vontade.

Por: Cassiano Farina