Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vaimuito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe dafofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que com amigo não tem que ter estas frescuras. Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la. Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura.
- Marta Medeiros -
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
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6 comentários:
eu fui lendo..fui lendo e pensando: "mas ááá minha namorada! escrevendo bonito...até 'prosaica' ela usou!...que orgulho..que orgulho!"
daí eu li: Marta Medeiros.
¬¬
óbvio que tu nem sabe o q significa "prosaico".
te amo, bom texto. ainda que não seja teu!
RÁ!
[te espero no sabado]
aaahhh a merda!
sabe o que prosaico? sabe? sabe?
eu sei...
sabe o que é?
uma situação corriqueira...
"a Laine foi tão mal educada naquele momento prosaico"
RÁ!
te amo... e eu sei escrever bem!
so ando com preguila...aaff
Pois é, a Laine não foi elegante em seu comentário PERNICIOSO.
Toma!
RÁ
ela vai ir procurar no dicionário so pra fazer que sabe
:PP
o saudade de vcs
Eu não sou elegante. Pede para Cíntia o que fizemos semana passada durante a formatura de jornalismo, só fofoca. Nós passamos a formatura inteira falando mal dos outros e foi muuuuuuuuuito divertido.
perfeito... gosto um pouco de marta... adorei o texto... beijos e vem logo!!
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