Álias eu ia escrever por esses dias sobre pessoas seguidoras, ou secundárias, ou seja lá qual "se" é, mas não quero apagar o brilho desse (nem tanto) jovem jornalista, ao qual chamo, e é meu excelentissimo marido.
Um milhão de amigos
Você já atualizou o seu blog hoje? Ou estava ocupado colocando fotos no Orkut? Provavelmente você tem Twitter, Facebook, My Space, conta no You Tube e se bobear, até um domínio “ponto com ponto be erre”. Eu devo confessar que tenho acesso a algumas destas “maravilhas” da comunicação pós-moderna.
Seja a trabalho ou por diversão (diversão?) está cada vez mais raro algum habitante deste planeta conviver sem o uso destas ferramentas. E o tempo parece ficar cada vez mais escasso para viver fora do mundo virtual. Não temos mais tempo para coisas insignificantes como tomar um sorvete na praça, passear com o cachorro, jogar botão com o sobrinho, conversar com um velhinho, ou até mesmo para brigar com a esposa. Não temos mais tempo nem para o ócio quando o negócio é teclar.
Não admitimos ficar de pernas pro ar se não conseguimos ver nossos e-mails. Não admitimos trocar o prazer cibernético pelo deleite de conversar com o amigo no boteco da esquina. Preferimos ter mais amigos no Orkut do que na vida real. Eu tenho quase mil amigos no Orkut e posso contar nos dedos os que conhecem o meu filho. Que atire a primeira pedra quem nunca adicionou alguém– como diria o jornalista, apresentador e galã Pedro Bial-, depois de uma espiadinha no Orkut alheio. Duvido. Longas conversas pelo MSN se transformam em “oi, tchau” quando encontramos esse nosso amigo íntimo na rua. O olho no olho fica cada vez mais estranho quando o normal é se esconder atrás de um monitor e de um teclado de computador.
Mas a tendência é ficar cada vez pior. Como dizia um sargentão com seu português precário no tempo em que servi a pátria amada, “nada está tão ruim que não possa ser piorado”. E para piorar veio o Skype - primo pobre do MSN. Chega até a dar saudades, por um breve momento, de quando ainda criança, a grande diversão mais arrojada tecnologicamente falando, eram as conversas no famigerado 138.
Esta ode à nostalgia do tempo em que brincar de carrinho, bolita e botão bastava para fazer uma criança feliz pode não levar a nada. Digo isso com a maior cara de pau de quem, de fato, entrou de cabeça neste mundo ilusório. A simples constatação desta perversa realidade não me redime de fazer parte desta grande farsa. Talvez sirva como uma terapia para que, ao menos, tenha consciência de que uma amizade é muito mais do que mandar um parabéns por scrap e de que o amor não se explica num depoimento. Aliás, se quiserem me adicionar sintam-se a vontade.
Por: Cassiano Farina